Ministra Cármen Lúcia participa da abertura do 4º Seminário Mulheres no Sistema de Justiça da Ajufe

Durante a abertura do "4º Seminário Mulheres no Sistema de Justiça: desafios e trajetórias", realizado pela Ajufe, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, proferiu uma palestra sobre a participação feminina no Poder Judiciário.

Cármen Lúcia iniciou sua fala destacando o preconceito que existe tanto na sociedade quanto dentro do Judiciário. "Acredito no Judiciário brasileiro. Acredito no que somos capazes de fazer, capazes de suportar para levar à diante o compromisso que é de realizar e prestar jurisdição em um país de tantas necessidades. Que são nossas, das mulheres, mesmo entre nós com diferencial, a indígena sofre diferente, a negra sofre diferente, a que não teve oportunidade de estar na escola sofre, e isso não significa que eu por ser juíza brasileira, juíza constitucional eu não seja alvo de preconceitos. Sou inclusive do Judiciário", relatou.

A ministra foi a responsável pela Resolução n. 255 de 2018, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que instituiu a Política Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário.

Cármen Lúcia ainda reforçou a necessidade da sociedade em evoluir, principalmente no que tange a igualdade dos espaços, do setor público ou privado, ocupados por mulheres.

"Até a década de 1980 mulheres, mães solteiras, não passavam no concurso para juiz no Brasil. Claro que ninguém dizia isso, era na prova oral, subsequente ao chamado psicotécnico, onde se sabia que a mulher era uma mãe solteira que se impedia por uma questão cuja resposta estava em um pé de página de um livro em alemão que tinha sido editado na década de 50, que a mulher não respondia. Claro, nenhum candidato responderia, mas era feito só para ela. Esta é a técnica para dizer objetivamente que você foi reprovada".

E destacou que a sociedade, apesar de ter a igualdade como princípio do Direito, falta ainda existir tal igualdade entre homens e mulheres na prática.

"O princípio da igualdade é tantas vezes repetida porque nós, que fomos alvos dos preconceitos, fomos invisibilizados e silenciados historicamente. [...] Nós tivemos nossa voz trancada, amordaçada, porque não queriam que a agente fosse ouvida. Porque para ser menos você tem que ser muda e invisível".

Assista à íntegra a palestra: https://bit.ly/39Dv3iy

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