Matéria originalmente publicada pela Folha de S.Paulo.
Manifestação acontece após divulgação de vídeo em que Eduardo Bolsonaro fala sobre fechar o STF
A Ajufe (Associação dos Juízes Federais) divulgou nota criticando as "declarações irresponsáveis" que têm surgido durante o segundo turno da eleição presidencial.
A manifestação dos magistrados acontece após a revelação de um vídeo em que o deputado federal reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), fala sobre o fechamento do STF caso a corte decida contra a candidatura de seu pai.
"Aí eles vão ter que pagar para ver. Será eles que vão ter essa força mesmo? O pessoal até brinca lá: se quiser fechar o STF sabe o que você faz? Você não manda nem um Jipe, manda um soldado e um cabo. Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo. O que é o STF, cara? Tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que ele é na rua?", diz Eduardo Bolsonaro.
A declaração foi feita antes do primeiro turno das eleições, mas só veio a público agora. A associação dos magistrados considera que atitudes radicais atentam contra a democracia.
“Nesse momento em que o Brasil assiste a uma disputa política acirrada e polarizada pela Presidência da República, com atitudes radicais e declarações irresponsáveis por parte dos apoiadores das duas candidaturas, fica evidente o desrespeito ao Estado Democrático de Direito e a própria população brasileira", diz a nota.
"A Associação dos Juízes Federais (Ajufe) espera dos candidatos e integrantes das campanhas, no mínimo, mais equilíbrio, serenidade e uma postura de respeito institucional. Não há caminho possível fora da democracia e da ordem constitucional."
O vídeo do filho de Jair Bolsonaro foi gravado antes das denúncias da Folha de que empresas contrataram serviços de disparo de mensagens de WhatsApp contra o candidato petista. O caso está sendo analisado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Fernando Mendes, presidente da Ajufe, diz na nota que "magistrados e magistradas federais vão cobrar, de forma intransigente, o respeito às leis, ao Poder Judiciário e a defesa dos preceitos consagrados na Constituição Federal de qualquer um que venha a ser eleito para comandar o país".