Espaço pode ajudar a superar a intolerância e recosturar o tecido da nação
Artigo publicado no site da Folha de S. Paulo (link abaixo)
Inês Virgínia Prado Soares
Doutora em direito, é desembargadora no TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região)
Márcio Seligmann-Silva
Tradutor, é professor titular de teoria literária na Unicamp
No rescaldo do 8 de janeiro, o anúncio da possibilidade de criação de um memorial pela democracia desperta a atenção por ser uma iniciativa de reparação coletiva pouco utilizada pelo Estado brasileiro, especialmente quando os responsáveis pelas violações ainda não foram punidos. O governo federal assume o protagonismo de lembrar para que a barbárie não se repita, sinalizando que a democracia é o único caminho para lidar com as diferenças e que os espaços de memória e culturais podem ser locais de superação da intolerância.
Em geral, as iniciativas de memorialização são respostas às demandas da sociedade civil, de grupos de vítimas, como forma de reparação e com a finalidade de contribuir na cicatrização das feridas. O trabalho coletivo de memória em torno de fatos do tempo presente encontra a dificuldade de as feridas ainda estarem sangrando.
Um dos legados mais atrozes do 8/1 foi a destruição. A ideia do memorial parte tanto da cultura material destruída, deteriorada ou furtada pela turba, como do trauma sofrido naquele dia pela população brasileira, que teve a sua democracia vilmente ferida.
A memória dessas tragédias não está apenas cravada nos objetos e locais diretamente afetados pelos atos horrendos. Ela extrapola e pode vir a se implantar na memória coletiva da nação, consolidando um processo cidadão de construção de uma memória crítica.
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