Como manter-se motivado a longo prazo foi o tema da palestra do ex-presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) e desembargador federal aposentado Vladimir Passos de Freitas ocorrida ontem (14/10) durante o curso Administração da Justiça no novo contexto – trabalho em equipe, promovido pela Escola da Magistratura (Emagis) da Corte. A abertura do evento ficou a cargo do diretor da Escola, desembargador federal Márcio Antônio Rocha. A coordenação científica é das desembargadoras federais Salise Monteiro Sanchotene e Taís Schilling Ferraz, e a mediação foi realizada pelo juiz federal Emmerson Gazda.
Equilíbrio entre carreira e vida pessoal
Durante toda a palestra, Vladimir Passos de Freitas, que é professor doutor de Direito Ambiental na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, falou na necessidade de equilibrar a carreira profissional com a vida pessoal. “A pessoa deve procurar o que ela gosta, a sua vocação. Todos têm alguma vocação, seja ela política, seja na área da educação, do Direito Ambiental, e, com isso, se pode alargar os horizontes, o que significa também atuar fora da Justiça, para conhecer outros mundos, saber o que as pessoas pensam”, disse.
Segundo Freitas, “para ser feliz, motivado, é preciso ter uma boa imagem para o público externo, mas, primeiro, para nós mesmos. Para isso, é preciso empenho, comprometimento (...). Tem de vestir a camiseta e ser coerente, manter uma postura ética. A função (de magistrado) tem de ter coerência com a vida, porque todos nos examinamos o tempo todo”.
Sobre a gestão na Justiça Federal, o desembargador federal contou que, quando era juiz de primeiro grau, fez um curso de administração do tempo no qual aprendeu a ser mais objetivo em todas as questões da vida para fazer mais, com mais eficiência e mais aproveitamento. Ele enfatizou que cada um deve ter o seu próprio tempo com atividades que sejam prazerosas para cuidar de si.
Ele ponderou que, no trabalho, é importante manter um ambiente de cordialidade e se adaptar às realidades assim que elas surgem. “Saber adaptar-se aos tempos é uma necessidade, especialmente agora, que teremos uma vida meio virtual, meio presencial. E não será melhor ou pior, apenas diferente”, pontuou. Ainda, enfatizou que “ter metas sempre é bom, ter um objetivo a conquistar. E, se o objetivo acabou, cria-se outro”.
Gestão na Justiça Federal
Em sua participação, Salise Sanchotene frisou que o Judiciário precisa de juízes que entendam de gestão, porque essa é uma ferramenta importante para motivar as outras pessoas. “Estamos passando por um momento difícil, em que muitos estão adoecendo por conta do distanciamento social”, disse a desembargadora, ao questionar o ex-presidente do TRF4 sobre em que ele considera indispensável investir, no país, para ter gestores motivados.
Vladimir Passos de Freitas entende que, no âmbito do Judiciário, o virtual não será limitado apenas à realização de audiências. Nesse sentido, ele apontou a importância de introduzir novas práticas eletrônicas, tomando por exemplo boas práticas da iniciativa privada, além de dar apoio, orientação e auxílio à força de trabalho da Justiça.
Nesse sentido, a desembargadora federal Taís Schilling Ferraz lembrou que o bom líder não é aquele que tem as ideias, mas quem possibilita que surjam projetos. Ela também ressaltou a importância de que as equipes sejam unidas também fora do ambiente de trabalho, especialmente neste momento, a partir da mudança de paradigma com uma Justiça mais digital, menos presencial.
Sobre isso, o ex-presidente do TRF4 ressaltou que a liderança moderna é aquela que conquista, menos hierarquizada. “O líder deve motivar coletivamente, mas tem de dar muitos exemplos e provas. O ser humano não acredita em quem chega, já no discurso de posse, dizendo que vai mudar tudo e abandona essas metas no dia seguinte. O líder, com o tempo, conquista a confiança de todos e, nesse momento, muda coletivamente”, frisou.
Vladimir Passos de Freitas encerrou sua palestra afirmando que o caminho para o Judiciário no século XXI é se agilizar, aproveitar boas experiências e fazer o melhor possível dentro da realidade apresentada.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social do TRF4.