Ajufe promove debate sobre a consciência negra

    Permitir o debate acerca da desigualdade no país. Este foi o principal objetivo da “Iª Semana da Consciência Negra”, realizada pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) nessa quarta-feira (22), em Brasília, na sede da Associação. O evento foi transmitido ao vivo pelas redes sociais da Ajufe, alcançando um público de 6.111 pessoas e quase 30 mil seguidores indiretos. Durante a transmissão, cerca de 675 pessoas se envolveram com a publicação, comentando, curtindo e compartilhando as informações sobre o evento.

    O presidente da Ajufe, Roberto Veloso, foi o coordenador dos trabalhos e salientou a importância de se realizar discussões como essa. "Este é um debate que serve como abertura para um diálogo de conscientização a fim de que as pessoas entendam a gravidade da situação da desigualdade no país”, comentou durante a abertura.

    Ajufe promove debate sobre a consciência negra  Ajufe promove debate sobre a consciência negra 

    Em sua fala inaugural, o vice-presidente da Ajufe na 5ª Região, Antônio José, fez importante ressalva sobre o objetivo da “Iª Semana”. "A semana da consciência negra é um momento importante para relembrarmos a história do país e o processo de formação do povo brasileiro, infelizmente marcado pela escravidão e fazer uma avaliação crítica da conjuntura atual. É uma semana para debater e denunciar as contradições que, infelizmente, ainda existem", finalizou. 

    A senadora Regina Sousa, presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, defendeu que a situação seria outra, caso o país de fato priorizasse educação. "Se você educa as crianças para que elas entendam que não deve haver diferença por causa da cor da pele, elas crescem com isso. É preciso investir na educação. O racismo está incorporado na gente. E é a educação que pode mudar esse panorama". 

    Durante sua intervenção no debate, a juíza federal Alcioni Escobar fez uma contraposição de que hoje, quando uma bandeira minoritária é levantada, as pessoas são logo tachadas de “vitimistas”. "Precisamos desfazer as cortinas de fumaça que impedem o debate. Isso porque muitos pensam, de forma equivocada, que o debate do racismo possa insuflar ou aumentar a animosidade social. Pelo contrário, o debate possibilita que lancemos luzes sobre essa patologia e busquemos o aprimoramento de nossa vivência democrática, destacou a magistrada. E completou: "É preciso compreender que é necessário enfrentar o racismo estrutural que é algo não normatizado, fluído, que está na gênese da nossa formação social e econômica, nas entrelinhas da nossa atuação profissional”.

    O militante Kleyson Moreno, da Força Afro Brasil, elogiou a importância da ação da Ajufe. "O racismo e a intolerância religiosa vão se amenizar a médio, longo prazo. E é importante que a Justiça abra o espaço, mas também fiscalize essa situação".

    Na visão do juiz federal Eduardo Pereira, há dificuldades no Brasil de se acreditar na existência do racismo estrutural. “Precisamos iniciar esse debate sobre questões de raça e gênero dentro do Judiciário. Dessa forma, não estamos mitigando a meritocracia, mas tornando o Judiciário mais eficiente", garantiu o magistrado. 

    O presidente da Associação dos Magistrados do Distrito Federal, juiz Fábio Francisco Esteves, falou sobre as dificuldades de se debater o racismo no Brasil. "Hoje a população negra no Brasil sequer tem o direito de dizer que é marginalizada. É por isso que a Justiça precisa incentivar esse debate e construir esse diálogo".

    Ajufe promove debate sobre a consciência negra

    Participaram ainda do debate o vice-presidente da Ajufe na 4ª Região, Nelson Alves, e os delegados da Ajufe na Paraíba, Thiago Ataíde, em Rondônia, Dimis Braga, e em Roraima, Luzia Mendonça.

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