Com o objetivo de debater a importância da igualdade racial, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) promoveu, nesta quarta-feira (07), a 2ª Semana da Consciência Negra. O ciclo de discussões contou com a participação de magistrados, acadêmicos, militantes e representantes de religiões de matrizes africanas.
Por meio de uma roda de debates, transmitida pelas redes sociais da Ajufe, os convidados falaram da necessidade de superação da desigualdade racial existente na sociedade. O evento também discutiu as decisões da Justiça Federal, refletindo a conjuntura político racial do Brasil. Sob a mediação do diretor da Ajufe, Antônio José, e da juíza federal, Alcioni Escobar, internautas ainda tiveram suas participações registradas.
Roda de discussões
Inicialmente, o Frei David Santos comentou a questão das cotas raciais e as atuais conquistas. "Nós conquistamos a decisão favorável do STF, que reconheceu a constitucionalidade da lei de cotas raciais, sendo necessário consolidar as conquistas", afirmou.
"Sabemos que não conseguiremos nada se não frequentarmos escolas, se não interagirmos com o Poder Judiciário. A maior arma [...] de seu povo é uma caneta, é a inteligência. Mas é preciso discutir a igualdade", destacou o Pai Ivanildo Ty Xangô, representante do Candomblé.
A militante do movimento Força Afro, Hunsó Delewá Tatiane Oliveira, também reforçou a importância da educação para a promoção da igualdade. "Nós queremos sim nosso direito de vestirmos nossos trajes africanos, em qualquer momento, lugar, sem sermos apedrejados, massacrados".
Questionado sobre a justificativa do evento, o professor Adilson José Moreira destacou a necessidade de conscientização da população. "Por que uma semana da Consciência Negra? Porque nós precisamos ter uma compreensão muito profunda dos diversos mecanismos responsáveis pela marginalização e formas de marginalização que não afetam pessoas brancas", afirmou.
O deputado federal Paulão (PT) também participou do evento registrando que "o Legislativo e o Judiciário têm responsabilidade na promoção de políticas públicas para se reduzir a desigualdade racial".
Levando em conta essa responsabilidade, o juiz de direito e presidente da AMAGIS-DF, Fábio Esteves, avaliou que é preciso trazer a discussão à magistratura "para que consigamos fazer uma reflexão dos nossos arranjos sociais ao longo da história, o produto disso é essa atividade promovida pela Ajufe".
Encerrando o ciclo de debates, o desembargador federal Roger Raupp Rios falou sobre a função essencial do Judiciário na promoção da igualdade racial. "Utilizando como metáfora a imagem da Justiça, de olhos vendados, é momento de abrir o campo de visão da magistratura para além da branquitude".
Transmissão ao vivo
Assim como na “1ª Semana da Consciência Negra”, realizada em 2017, o evento deste ano também foi transmitido nas redes sociais, permitindo a participação dos internautas. Nesta edição, mais de 12 mil pessoas foram alcançadas no Facebook, com envolvimento de quase 900 pessoas comentando, curtindo e compartilhando as informações sobre o evento.