A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), por sua Comissão Ajufe Mulheres, considerando a proposta de abertura de processo pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para apuração de condutas discriminatórias ocorridas em audiência do caso “Mariana Ferrer”, vem a público repudiar a utilização de linguagem sexista e humilhante contra vítimas mulheres no âmbito do Poder Judiciário.
As mulheres brasileiras, infelizmente, já sofrem de forma rotineira múltiplas formas de violência e preconceito. Ao buscar a justiça, elas almejam não apenas a merecida reparação contra tais eventos, mas, antes de tudo, acolhimento e respeito à sua condição. Por isso, a invocação, em juízo, de estereótipos sexistas e que buscam estigmatizar a pessoa, traduz discriminação com graves repercussões institucionais, capaz de atingir a credibilidade de todo o sistema de justiça.
A Ajufe tem defendido ao longo dos anos a equidade entre homens e mulheres, seja fomentando a ascensão e a visibilidade femininas, seja atuando em prol da criação de protocolos que permitam o julgamento, com perspectiva de gênero, das diversas questões trazidas a juízo. Dessa forma, esperamos a institucionalização de diretrizes que evitem a reiteração de condutas discriminatórias intoleráveis e que os responsáveis por atos de agressão moral ou física sejam exemplarmente punidos.
Brasília, 03 de novembro de 2020
Eduardo André Brandão de Brito Fernandes - Presidente da Ajufe
COMISSÃO AJUFE MULHERES